asas em vão ( pelo poder da palavra, recomeço a minha vida) - paul d'eluard -

loucura = ávida e lúdica urgência de reentrar-me. movem-se-me conchas a ferver flores de lume.


todo eu exalo contrário, subversivo, conquanto autêntico. instala-se-me uma desorientação de falsos mimos em festa e


adormeço na esteira telúrica que cerra os meus olhos em fúria. o céu emudecido lança gotas e sol ao negro pranto das estrelas.


resisto e vagueio na incógnita deriva dos porquês. talvez esta dôr dorida de existir aos soluços, se esvaia e o tempo certo


me leve aos patamares que dormem nas insondáveis catatumbas do meu atormentado ego.


sepultaram em campas informáticas os gestos de ternura e a quentura compreensiva dos afectos.


o corpo me pede-me alma e todo eu ardo em núvens de solidão inquietantemente bela.


resta-me seguir, desventoso, o rasto desafiador do mar em cântico.


com as lágrimas feitas desafio, tantíssimo me interrogo!


e é esta a razão da minha alma em delírio!



jorge cortez
touvivo50@hotmail.com

"a dor dos poetas é um cântico de pássaros..."

forrei a alma de nuvens
para poder gritar
chuva em dilúvio
de palavras
para dentro da minha solidão...